31 de maio de 2012

Crítica | Deus e o Diabo na Terra do Sol


O longa metragem “Deus e o Diabo na Terra do Sol” faz parte de um movimento da cinematografia nacional que surgiu no início da década de 60, denominado de “Cinema Novo”, do qual Glauber Rocha foi um dos precursores. Essa revolução, com um discurso crítico e ousado para a época, costuma ser resumida pela expressão “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. Como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” foi produzido anteriormente ao golpe militar no Brasil, ainda tratava das temáticas da realidade rural, como seca, fome e miséria, representando a primeira dentre as três fases do movimento: de 1960 a 1964, 1965 a 1967 e de 1968 a 1972. Glauber foi um diretor brasileiro e para brasileiros, porém é mais conhecido no cenário internacional. Ele recebeu mais prêmios em Cannes do que muitos diretores, até de maior renome como Martin Scorsese, que não esconde sua admiração por Rocha.




Na obra, é evidente a influência de algumas técnicas cinematográficas - como a ‘Nouvelle Vague Francesa’ – resultando na incorporação de certos valores estéticos, como as cenas que mesclam improvisos e dinamismo. Além disso, o filme vale-se de uma linguagem própria e metafórica, tendo com conseqüência uma leitura crítica da realidade. As influências artísticas da dramaturgia brasileira da época, como o Teatro de Arena de São Paulo e o Teatro do Oprimido de Augusto Boal, também podem ser observados, a exemplo da preferência por temas que incitem a reflexão sobre a realidade do país, além da escolha por cenas executadas de forma improvisada, com ritmo de peças teatrais e os movimentos típicos dessas encenações.

Glauber conduziu com muita originalidade esse filme, de temática aparentemente simples, ao contar a história de vida de um sertanejo envolvido pela miséria e fome do sertão que, sem qualquer expectativa de vida, fica literalmente entre a cruz e a espada (metaforizada na cena em que Corisco e Satanás estão assaltando a casa onde se realizava um casamento), entre “Deus” e o “Diabo”, evocando a alienação religiosa e a violência do movimento cangaceiro em que vive o povo do sertão nordestino.



"Vou contar uma história, na verdade, é imaginação. Abra bem os seus olhos pra enxergar com atenção. É coisa de Deus e Diabo, lá nos confins do sertão.”

Esta frase retrata bem o conteúdo do filme. Primeiro é preciso notar que se trata de uma produção inteiramente brasileira, pois mostrano decorrer de sua trama, aspectos e personagens típicos do nordeste brasileiro, bem como elementos de sua cultura. Vemos ao fundo uma paisagem típica do sertão, com carcaças e terrenos pedregosos.  Até a trilha sonora é nacional, com música de Villa-Lobos, compositor que Glauber não esconde a paixão, e cordéis escritos pelo próprio diretor.


O filme conta a história de um casal sertanejo, Manoel e Rosa, que tentam sobreviver às dificuldades do sertão. Manoel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual. Esta parte do longa mostra com excelência o fanatismo que se desenvolve com o desespero, onde homens e mulheres deixam para traz suas vidas, seguindo um líder que exige provações, penitências e até mesmo assassinatos em nome da fé. Porém ao presenciar a morte de uma criança, Rosa mata o beato. Simultaneamente Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel, que representa o braço armado e a força dos coronéis nordestinos, extermina os seguidores do beato, a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região. Neste momento do longa nota-se que os políticos e religiosos não estão preocupados com a situação do sertanejo, apenas com o poder. Apesar do serviço que presta, Antônio das Mortes é o único personagem politicamente consciente da história.

João das Mortes: [...] eu não tenho medo de guerra, vivo nela desde que nasci.
Cego Júlio: É matando, Antônio? É matando que você ajuda seus irmãos?
Antônio: [...] Eu não matei pelo dinheiro. Matei porque não posso viver descansado com essa miséria.
Cego Júlio: A culpa não é do povo, Antônio! A culpa não é do povo!
Antônio: Um dia vai ter uma guerra maior nesse sertão. Uma guerra grande, sem a cegueira de Deus e do Diabo. E para que essa guerra comece logo eu, que já matei Sebastião, vou matar Corisco e depois morrer de vez, que nós somos tudo a mesma coisa.

No fim, Manoel e Rosa seguem em direção ao mar, o qual representa a cidade e, consequentemente, uma nova vida. Simbolicamente, o casal torna-se os milhares de sertanejos que abandonaram suas vidas no Nordeste e foram para São Paulo, em busca de uma vida digna. Outro aspecto importante foi o fato da película ser filmada em preto e branco, como forma de enfatizar a dura vida do nordestino.
Percebe-se ainda a dualidade entre os personagens. Em determinados momentos eles são bons, representando Deus, e em outros momentos são maus, representando o Diabo. As figuras dramáticas possuem valores como o amor, a bondade e a humildade, entretanto, em decorrência dos seus sofrimentos, tornam-se capazes de matar na luta pela sobrevivência.

O cinema de Rocha é um desafio estético e moral. Pergunta mais do que responde. Portanto, para o espectador mediano, ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ pode tornar-se uma experiência demasiado cansativa, contudo para aquele que se dispõe a engajar-se, muito mais do que apenas imagens lhe será revelado.

A frase: “Uma guerra grande, sem a cegueira de Deus e do Diabo”, sintetiza o filme, pois é o cidadão comum que precisa agir, rebelar-se contra esse poder omisso do qual só presencia os mandos do poder político e da religião e é obrigado a sofrer por seus desmandos. Glauber põe as responsabilidades de mudança sobre o povo e, mais do que dar-lhe direito à voz, clama a usá-la. Só assim o “sertão vai virar mar”. Nessa época de greves em todo o Brasil, talvez, muitos deveriam assistir esta obra-prima do cinema brasileiro para passar a entender como, realmente, criar uma revolução.

Adaptação | As Patricinhas de Beverly Hills



Emma Woodhouse é uma linda, inteligente e rica jovem de 20 anos. A personagem criada em 1815 por Jane Austen vive em Hartfield, propriedade fictícia localizada na Inglaterra. História vai e história vem e Austen resolve transformar sua personagem em uma casamenteira que tem como único objetivo formar novos casais entre as pessoas que a cercam. Após tanto tempo no cargo de cupido, Emma se vê no direito (e na vontade) de ter alguém pra si e é nesse momento que resolve olhar para Frank Churchill e viver feliz para se... Não, não não. Como na vida real, as pessoas só dão valor ao que têm quando perdem e com a nossa querida Emma não foi diferente: percebeu que amava o seu amigo, Sr. George Knightley, quando sua também amiga, Harriet Smith, confessou amor pelo mesmo. O ciúme veio e o coração bateu. Confuso, não é? Deixa-me explicar em outras palavras: As Patricinhas de Beverly Hills.

Exatos 180 anos se passaram e Amy Heckerling fez uma verdadeira adaptação. Emma transformou-se em Cher (Alicia Silverstone) e Hartfield em Beverly Hills, Harriet agora é Stacey (Brittany Murphy, amém) e Sr. George é o meio irmão de Cher, Josh (Paul Rudd). Poderíamos resumir o enredo do filme, mas seria repetir a história de Jane Austen, somada, é claro, às futilidades dos anos 90: Calvin Klein, Jeep e Beverly Hills.

O contexto em que a personagem foi inserida é um ponto a destacar, como a família moderna: uma mãe que morre em meio a uma lipoaspiração, um pai que tem outros filhos com outras esposas, que não para de trabalhar nem por um segundo e é extremamente impaciente e rude com a filha (mas nada que seja pejorativo demais). Quanto à escola, Cher diz, orgulhosamente, ao pai que irá persuadir os professores para que aumentem suas notas, “that’s the american (new) way!”.



Tratando-se do filme, considero como fato mais marcante o diálogo. Amy Heckerling construiu um roteiro baseado na linguagem dos adolescentes da época, o que ficou claro e característico em As Patricinhas de Beverly Hills. “AS IF!”, diz Cher o tempo todo para seus amigos, “até parece” ou “capaz”, em português. A crítica à cultura de Los Angeles está presente quando Cher justifica que não precisa aprender a estacionar porque há manobristas disponíveis em todos os lugares na cidade.

Alicia Silverstone, antes conhecida pela participação do videoclipe “Crazy” do Aerosmith, abraçou o papel e fez de Cher uma patricinha memorável. Sua voz desafinada, os gritinhos histéricos, seu impecável cabelo loiro e as meias 5/8 acompanhadas da minissaia marcaram a nossa geração.

Em outras cenas, a fútil heroína desdobra-se de maneira inteligente. Cher se faz de boba, mas é bastante esperta, várias vezes une o complexo ao senso comum. Quando Josh e sua acompanhante vão buscá-la em Sun Valley, Cher contesta a moça em seu discurso: “Não, Hamlet não disse isso.” – Acho que me lembro muito bem de Hamlet. “Lembro muito bem de Mel Gibson e ele não disse isso. Foi o Polonius quem disse”, rebate a patricinha. Não há como negar que Cher e suas pérolas são inesquecíveis.

 “Clueless”, a leve adaptação do romance de Jane Austen, é uma leve comédia que retrata a vida da mimada “casamenteira” do século XX, Cher. O bacana é ver os atores famosos com carinha de bebê, entre eles estão: Alicia Silverstone, Paul Rudd, Brittany Murphy, Stacey Dash, Breckin Meyer, Donald Faison, Dan Hedaya, Jeremy Sisto, entre outros. Assista sem medo de ser feliz e  de se tornar uma patricinha, afinal, a trilha sonora é do Radiohead e não da Britney Spears, calm down.


Diálogo memorável:
- Cher, get in here.
- What’s up, daddy?
- What the hell is that?!
- A dress.
- Says who?
- Calvin Klein.


30 de maio de 2012

Notícias | 30/05

Príncipe do filme Bela Adormecida é escolhido

A nova moda é lançar filmes relacionados aos contos de fada. Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e outras, já tiveram sua chance. Agora é a vez de Maleficent, versão de A Bela Adormecida, contada pelo ponto de vista da vilã Malévola, que será protagonizada por Angelina Jolie. Para nossa alegria o príncipe encantado foi escolhido. Brenton Thwaites é um ator australiano que estrelou a nova versão de Lagoa Azul. A direção é de Robert Stromberg, conhecido por ter produzido o design de Avatar e Alice no País das Maravilhas.







Filme “Os Miseráveis” ganha primeiro trailer

“Les Misérables” é um romance que foi escrito pelo francês Victor Hugo em 1862. A trama conta a história de Jean Valjean, um ex-condenado  que após passar 19 anos na prisão, tenta recomeçar sua vida. A partir disso a história dele se entrelaça com a de Fantine, interpretada por Anne Hathaway. O filme possui uma versão de 1998, estrelada por Uma Thurman como Fantine e Liam Neeson como Jean Valjean. Para que já leu a história sabe que vale muita a pena, para quem não leu, fica a dica de filme. Veja o trailer






Três atores cotados para o personagem Finick Odair de Jogos Vorazes

Todo mundo sabe que Jogos Vorazes está virando uma febre. A sequência do filme Jogos Vorazes 2 – Em chamas, está procurando o seu Finick Odair. Na história, o personagem é o vencedor de uma das edições dos Jogos Vorazes, e que disputará com Katniss (Jennifer Lawence) uma competição que reúne vencedores dos jogos anteriores. Taylor Kitsh, Armie Hammer e Garret Hedlundo estão cotados para o papel. Jogos Vorazes 2 - Em Chamas chega aos cinemas norte-americanos em 22 de novembro de 2013.






Homem de Ferro pode usar nova armadura

A armadura Patriota de Ferro criada há pouco tempo nos quadrinhos pode ser a nova armadura do Homem de Ferro 3. O traje é azul, vermelho e branco, em homenagem ao Capitão América, que tinha acabado de falecer nas HQs. Mas a dúvida persiste, quem irá usá-la? O resultado a gente confere só em 3 de maio de 2013, quando o 3º filme da franquia estrear.





Fonte: omelete/ AdoroCinema

29 de maio de 2012

Notícias | 28/05

Postagem pós-meia-noite MAS CONTEM COMO SE FOSSE DIA 28. Grato. 

Tim Burton dá mais moral para Dark Shadows

No título da matéria nem consta que o filme da notícia é o Abraham Lincoln. Por que? POIS BEM, o filme também será dirigido pelo nosso amado Burton, mas tirando o trailer sangrento (me gusta não nego) divulgado, pouco se tem dito sobre a produção da parte do aclamado cineasta. Será que o próprio tá praticando bullying com o filme e o nome é promoção? Confira o trailer (e o Abraham gatinho) aqui. Mas será que é necessário tanto sangue assim? - TRAILER PRA MAIORES DE 18 (Só que não). 









(leia NO RITMO:) Ai, ai, ai ai ai ai, assim você mata o papai, DiCaprio!

Isso aqui não é "bem" noticia. Mas você tá sabendo do Tarantino se aventurando no cine-western, né? Pois então, Django Livre é a história da época pré-guerra civil nos Estados Unidos, em que um escravo (Django - Jamie Foxx) bem louco mata os seus "senhores" (ai, tão livro de história do ensino médio né?), acaba sendo caçado por um assassino alemão e chega em um lugar onde o personagem do DiCaprio "cria" seus escravos para que eles lutem entre si. Tem mais uma porrada de atores famosos, mas a notícia foi só desculpa para colocar a foto do DiCaprio de senhor-de-monocultura aqui. E também porque é do Tarantino. Nosso blog ama o Tarantino, dois beijos. Mas nem empolga ainda, porque o negócio só fica pronto em dezembro. 


Aliens Vs. Vingadores


Depois de dois anos e meio no topo nas bilheterias, Os Vingadores saíram do posto e deram lugar ao MIB³. Entre sexta e domingo de estreia, The Avengers arrecadou R$36 milhões, "apenas". Como eu queria esse "apenas" no meu bolso. MIB já começou com R$56 milhões. Mas considerando que os loucos gastaram R$250 milhões no bagaço, é melhor que eles consigam mais que o da estreia, né Brasel? PS: Josh Brolin, o young K também vale a pena. 








Cleptomania is the new Emma Watson's black

Olha o quinteto de Bling Ring arrasando no verão. A MARAVILHOSA Sofia Coppola (do Maria Antonieta, polêmico e belo) é a responsável pelo novo filme da Herm... Emma Watson. O grupo: Claire Pfister, Taissa Farmiga, Emma Watson, Katie Chang e Israel Broussard, realiza assaltos a casa de celebridades. Simples assim. Imagina sua casa sendo invadida por esse monte de gente bunyta? 


Crítica | A Mentira



Quando alguém estiver conversando com você e olhar para a direita ao contar algo, afirmam especialistas que essa pessoa está mentindo. Mas afinal, todos mentem, isso não é verdade (e clichê)? Sim, é verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade. E é sobre a verdade que o filme “A Mentira” (The Easy A, 2010) trata.

A ilustre e ruiva Emma Stone (Histórias Cruzadas –EUA/2012) represente uma garota comum de classe média norte americana de uma escola grande, poucas pessoas a conhecem, menos ainda falam com/sobre ela. O legal, é que através da voz de Olive Penderghast(Emma) em OFF, que vai narrando e direcionando a história, ela satiriza e ironiza o clichê que a própria personagem é.

Claro, que toda heroína tem sua super melhor amiga que a completa, esse papel fica com a ex-vilã dos seriados da Disney, Alyson Michalka no papel de Rhiannon Abernathy, a “peituda”. E a mentira começa justo por causa da personalidade e insistência de Rhianno. A “abençoada” quer que Olive passe o final de semana acampando com Rhianno e seus pais nudistas, Olive, com toda sua simpatia não consegue simplesmente negar e inventa um “encontro com um cara da universidade do meu irmão”.

A minha adorada Olive (sim, me apaixonei pela personagem beijos) passa o final de semana fazendo o que toda garota (inconscientemente) quer: NADA. Procrastinação pura. Voltando do final do semana, a super amiga “encurrala” Olive no banheiro e pergunta do “encontro”. Olive fala que o cara era legal e foi tudo normal, até que Rhiannon cria a ideia que a amiga perdeu a virgindade com o “cara da universidade”, obviamente, tinha alguém escutando, e é claro que era a crente mais perfeita e amada por CHESSUS, Marianne Bryant (Amanda Bynes), que espalha para a escola toda que Olive é uma “vadia”, e ela levanta a bandeira de #VadiaPride tão bem!

Olive começa a receber atenção, coisa que nunca teve antes, a história se desenrola,  para ajudar várias pessoas ela começa a aumentar a mentira, chega num ponto de que quase todos fazem parte da mentira, mas fingem que ela é verdade. Incrível, não?

Pois bem, o filme é bom, dirigido por Will Gluck(Amizade Colorida – USA/2011), comédia inteligente por parte da Emma e seu sarcasmo peculiar, mas leve pelo resto do filme. O roteiro de Bert V. Royal é bem escrito, a melhor parte é que tem como base ou pelo menos cita bastante o livro “A Letra Escarlate”, que fala de uma mulher julgada adúltera em tempos passados que fora obrigada a usar uma letra “A” vermelha bordada nas roupas e Olive assume a ideia desse livro exposto pelo amado professor de Literatura, Sr. Griffith vivido por Thomas Haden Church (Compramos um Zoológico- USA/2011).

Sério, eu GOSTEI desse filme, tem tiradas boas, críticas leves mas certeiras, atuações incríveis, personagens bem construídos, trilha sonora perfeita para a película e um final certo, não surpreendente, mas válido. Agora entendo a amor das pessoas pela Emma Stone, devemos realmente ficar (mais) de olho nela.

25 de maio de 2012

Crítica | Simplesmente Amor

 “But for now, let me say - Without hope or agenda - Just because it's Christmas - And at Christmas you tell the truth - To me, you are perfect - And my wasted heart will love you - Until you look like this (foto de uma múmia)”.

                Todos vocês já devem ter passado pela situação de topar com algum filme que você jamais assistiria, mas que, por causa da companhia, por indicação ou simplesmente pela falta de algo melhor para se fazer ,você acaba assistindo. Geralmente planejando ver apenas o começo, para confirmar as suspeitas de que o negócio é ruim mesmo. Mas, de repente, ele te surpreende e você assiste até o fim e acaba estarrecido pelo simples fato de ter, realmente, gostado.
            Topei, há alguns dias, com o filme “Simplesmente Amor”. Era um daqueles raros momentos de puro ócio e alguém havia me dito que valia a pena ver. Supostamente, o filme era engraçadinho e tinha alguns atores famosos. Parei para pensar no título, dei uma olhada na descrição e desanimei. Tinha tudo para ser uma comediazinha romântica, daquelas bem água com açúcar, que você vê de contragosto com a namorada e dorme no meio. Eu não tenho namorada, nada me forçava a ver o filme, ainda assim, deixei que começasse.

            O filme começa com takes de alguns lugares bonitos na Inglaterra, naquele esquema bem clichê mesmo, e com a voz do Hugh Grant falando sobre amor, ao fundo. O discurso é até bonitinho e o Hugh Grant é um grande ator, não mudei de canal. Uma ótima decisão, porque, depois disso, a história se torna muito interessante.
            O enredo se constitui de algumas histórias que se intercalam e, às vezes, inter-relacionam, mostrando o amor em diversas facetas. Um dos grandes atrativos do começo do filme, além de conhecer uma multidão de personagens muito interessantes, é a avalanche de atores sensacionais que surgem um atrás do outro. Depois disso, o filme segura a atenção com atuações sensacionais, piadas muito bem colocadas, enredo divertido e romances nada triviais.
            Ainda assim, não sou capaz de colocar “Simplesmente Amor” no rol dos melhores filmes que já vi. É uma comediazinha romântica. Nada vai mudar isso. Mas vale a pena ver, rir aos borbotões, torcer pelos apaixonados e, até, se emocionar com eles. Correndo o risco de soar piegas cabe aqui, para encerrar a crítica, uma citação da do primeiro ministro representado pelo Hugh Grant. “Love, actually, is all around”.

Notícias | 25/05


Fechem os olhos. O Exorcista está de volta.

Você, criança medrosa, que sempre quis mas nunca teve coragem de ver O Exorcista, terá sua segunda chance. Após 40 anos do lançamento oficial, o filme ganhará uma série de dez episódios feitos para TV. Já pensou em ver O Exorcista em dez partes? Haja coragem ein.
O projeto está nas mãos do roteirista e diretor Sean Durkin e do produtor responsável por filmes como Os Infiltrados e O Chamado, Morgan Creek. O jeito é se preparar psicologicamente e esperar pelo projeto que será lançado em 2013.







Viva os restauradores!

Após três anos de trabalho, A Filmotéca Britânica (BFI) termina os trabalhos de restauração de nove filmes mudos do Hitchcock. Os filmes restaurados fazem parte do programa cultural paralelo aos Jogos Olímpicos, que acontecerão de julho a setembro em Londres.
Entre os filmes resgatados estão "The Blackmail", "The Pleasure Garden", "The Ringue" e "The Lodge", todos gravados entre 1925 e 1929. O processo de restauração consistia primeiramente na limpeza e reparação dos filmes, depois, os especialistas realizaram captação digital de cada fotograma através de scanner e os repararam um por um por meio de programa de edição doe computador (photoshop). Vamos torcer pra que esses filmes sejam disponibilizados logo logo!



Cineasta brasileira marca presença em Cannes

Juliana Rojas já se sente em casa. É a quarta vez que um filme de sua autoria é exibido no aclamado Festival de Cannes. Depois da amostra de O Lençol Branco” (2004), “Um Ramo” (2007), e “Trabalhar Cansa” (2011), agora é a vez de O Duplo, curta que remonta a vida de uma professora que entra em conflito com sua personalidade, o que acaba por atrapalhar a rotina.
A novidade é que, além das aparições, o curta brasileiro recebeu menção especial do Prêmio Nikon durante a Semana Crítica. É isso, cinéfilos brasileiros, quem acredita sempre alcança!




Johnny Depp indo dessa pra outra?

Não, gente ele não morreu. É o seguinte: após sua interpretação como índio Tonto, fiel companheiro do herói mascarado em The Lone Ranger, os índios da Nação Comache, satisfeitos com o desempenho de Depp, o convidaram para tornar-se membro do grupo. "Johnny está retomando o histórico papel de Tonto e pareceu natural dar-lhe as boas-vindas oficialmente a nossa família Comanche", disse LaDonna Harris, presidente da organização "Americans for Indian Opportunity"

 

20 de maio de 2012

Moviola Incandescente | Livros e umas verdades



Oi!

Então, fiz outro vídeo. Tive dengue durante a semana. Que coisa, não? Enfim, acabei realizando o vídeo respondendo alguns pedidos que me fizeram. Recebi alguns comentários no Youtube, e até mesmo pessoalmente, querendo saber indicações de livros para estudar alguma parte mais teórica. Pois bem, resolvi falar sobre alguns exemplos de literatura que me engrandeceram em toda essa caminhada cinematográfica que tenho feito desde uns anos para cá. Não acho que adianta você começar a ler alguns livros que, eu diria, que precisariam de alguns outros para que haja um entendimento total do que é dito nesses livros.

Primeiro, pego uma literatura mais fabulosa de Arthur C. Clark, com “2001 – Uma Odisséia no Espaço”. 
Gostaria de ter falado sobre esse livro no vídeo passado, então, abro o vídeo falando dele. Como digo no vídeo, a tradução para o cinema ficou tradicionalmente fiel, dando vazão a ter perdido apenas alguns poucos detalhes. O livro traz consigo o peso do nome que tem o autor, acoplado a ideia de ter sido adaptado para as grandes telas por Stanley Kubrick.

Logo, dou a dica d’”O Clube do Filme”, de David Gilmour. O livro conta a história do próprio crítico e sua jornada para educar seu filho, Jesse. O que se passa é o seguinte: o pai, notando o total desinteresse do filho pelos estudos e uma possível tendência às drogas, sugere que o menino largue de vez à escola, com a condição de, periodicamente, assistir a filmes escolhidos e com o pai. A história se desenvolve de uma maneira fabulosa, onde notamos o desenvolvimento interno de Jesse e o crescimento pessoal de David Gilmour como pai e profissional do cinema. Imperdível.

Logo, então, trago o exemplo do livro teórico em que citei no início do vídeo. Se chama “As Principais Teorias do Cinema”, de J. Dudley Andrew. O livro, que de fato é uma introdução, traz algumas das principais teorias, desde Arnhein até Einsenstein. Aqui, ficamos por dentro de alguns conceitos que embasam argumentos de críticos e diretores para discernir uma ideia. Conceitos de direção, edição, forma e conteúdo aqui são expostos de maneira clara, totalmente acessíveis aqueles em que desejam começar a se aprofundar nas entranhas da sétima arte.

Esse vídeo, embora negado no início, acaba tendo uma veia pessoal. Decidi, por ora, manifestar um pouco do meu sentimento quanto ao profissional de cinema de hoje em dia e da noção que o estudante de cinema tem da vida hoje em dia. Deixo meus apontamentos falarem por si dentro do filme.

Keep the sentimento afinado. Sempre!

18 de maio de 2012

Notícias | 18/05



Os vingadores tem recorte de exibição e bilheteria


Em sua terceira semana em cartaz, o filme fatura mais R$12 milhões e conta  com salas cheias de todos os filmes em cartaz (média de 1.031 espectadores por sala). Presente em 927 salas em todo o Brasil, a produção vendeu nesta terceira semana muito mais ingressos do que todos os outros filmes reunidos: ele teve 955 mil espectadores, contra 242 mil do segundo colocado, a estreia Battleship - A Batalha dos Mares.



Woody Allen teve sua biografia exibida em Cannes

Apesar de não ter vindo à Croisette neste ano, o diretor Woody Allen foi um dos principais destaques do primeiro dia do Festival de Cannes. Tudo graças a Woody Allen: A Documentary, filme dirigido por Robert B. Weide exibido na sessão Clássicos de Cannes.

Feito para a TV americana, o longa-metragem é um grande painel sobre a vida de Woody Allen. Além das tradicionais cenas de arquivo e depoimentos de familiares e pessoas com quem já trabalhou, regra básica em documentários biográficos, o longa traz cenas raras onde o próprio Woody apresenta seu método de trabalho, repleto de cacoetes muito particulares. Entre eles a gaveta onde guarda ideias, escritas a mão em folhas de papel soltas, e a máquina de escrever na qual trabalha há mais de 30 anos.


Acompanhe o Festival de Cannes

Um dos eventos cinematográficos mais cultuados começou terça-feira (15/05) e encerra no dia 27 de maio. O festival de Cannes homenagea esse ano o diretor Roman Polanski. m e Marilyn Monroe, homenageada do festival pelos 50 anos de sua morte, em destaque.
O festival teve início com o novo filme do diretor Wes Anderson, Moonrise Kingdom, e além de abrir o festival, o longa-metragem estará também na disputa pela cobiçada Palma de Ouro.



Ernest Hemingway em versão para o cinema

Poucos atores em Hollywood gostam tanto de interpretar personagens reais quanto Anthony Hopkins (360). O ator já interpretou Richard M. Nixon (Nixon), Pablo Picasso (Os Amores de Picasso) e, atualmente, encarna Alfred Hitchcock em "Hitchcock". E se prepara para rodar uma nova cinebiografia em 2013. Ele fechou contrato para interpretar Ernest Hemingway em "Hemingway & Fuentes", longa escrito, dirigido e coestrelado por Andy Garcia. O filme contará a história da amizade entre o escritor e Gregorio Fuentes (Garcia), que trabalhou como primeiro-imediato no barco "Pilar", de Hemingway. A trama se passará no começo dos anos 50, quando o escritor estava em Cuba e abordará os fatos que inspiraram o livro "O Velho e o Mar". Ernest Hemingway se suicidou em 1961, pouco antes de completar 62 anos. Já Fuentes viveu até os 104 anos, falecendo em 2002 por causa de um câncer.



Fonte: adorocinema

17 de maio de 2012

Adaptação | O Nevoeiro


                    Após serem vítimas de uma forte tempestade, os moradores do pequeno vilarejo de Maine vão ao mercado local munir-se de um possível imprevisto. No lugar comenta-se a respeito da misteriosa névoa que toma conta da cidade ; o incomum efeito natural começa a assustar a população quando um morador desesperado afirma que já há algo de sobrenatural no fenômeno. Ao notar que a situação está realmente séria, os moradores se vêm obrigados a abrigar-se no mercado. Entre os “isolados” está David (Thomas Jane), artista local e seu filho, uma fanática religiosa, Sra. Carmody (Marcia Gay Harden) e outra habitante local, Amanda Dunfries (Laurie Holden).
                A adaptação cinematográfica é do livro do aclamado Stephen King, veterano em roteiros adaptados. King é muito rigoroso quanto às adaptações de suas obras e quando insatisfeito, não se acanha em reclamar. É o que aconteceu com O Iluminado de Stanley Kubrick. Surpreendente e felizmente não é o caso de O Nevoeiro, Stephen King até mesmo afirma “invejar” o novo desfecho criado por Frank Dabarton.
                O Nevoeiro possui a espécie de roteiro insustentável que, se não moldado pelas mãos certas, pode acabar em uma catástrofe, é o que acontece com metade dos filmes fantasiosos, futurísticos ou de terror. Porém, Frank e Stephen foram sábios, dá pra sentir que a névoa em si, é apenas um argumento criado para que a quarentena pudesse ser criada. O foco principal é a limitação e o poder do psicológico humano.
                É nesse ponto que a polêmica se desenvolve. A fanática Sra. Carmody possui a crença cega em sua religião e procura justificar e argumentar biblicamente os bizarros acontecimentos nos dias de quarentena dentro do supermercado. Achando-se no direito de poder julgar os moradores como bem entender, ela causa transtorno e caos, o que acaba colocando um contra os outros. É em torno desse confronto de princípios que ambas as obras giram em torno.
                       Quanto aos efeitos especiais, o filme deixa um pouco a desejar no que diz respeito a misteriosa criatura que habita a "névoa", tentáculos gigantes e muito sangue forçam o propósito. Por outro lado, a praga de insetos (afinal, de onde ela veio e o que moluscos tem a ver com insetos???) foi muito bem feita, dando a ideia da realidade dos pequenos bichinhos.
                O longa de 2007 é do tipo regular, filme que te mantem entretido durante a tarde e o leva a reflexão de temas polêmicos, como a religião nesse caso, porém, a obra em si não é marcante, é esquecível logo após a saída do cinema (ou da sala de tv).

15 de maio de 2012

Cinema Brasileiro | Wagner Moura


Depois de escrever sobre Lazaro Ramos, volto a frente dos teclados para analisar o cinema brasileiro. E como falar, hoje, de cinema Brasileiro sem pensar naquele que se tornou o principal icone, tanto como ator, tanto como personagem, dessa nova “era” do cinema nacional.
Wagner Maniçoba de Moura, o popular “Wagner Moura” tem tantos papéis marcantes e inigualáveis no cinema nacional, que chega até ser uma dor ter que selecionar alguns pra comentar nesse espaço. Taoca, de “Deus é brasileiro” foi um dos primeiros trabalhos marcantes do ator, que já galgava no sucesso, mas teve na atuação junto à Antônio Fagundes foi excepcional, recebendo o prêmio da APCA de melhor ator.
Junto com Lazaro Ramos, em O Pai Ó, fez uma das cenas mais lembradas do cinema nacional, a discussão entre Roque e Boca sobre os carrinhos. Naquele momento vemos como a atuação conjunta desses dois grandes nomes, que são os carros-chefes do cinema nacional atualmente, comove o público.
Para terminar, falta falar de Wagner Moura em seu papel mais marcante. Como Capitão Nascimento em “Tropa de Elite”, o ator se projetou para outro patamar na cultura popular.Suas frases empolgantes, como “Pede pra Sair”, “Você é moleque” e “Senta o dedo nessa porra” tiveram uma inserção pouco vista no público Nacional. Parecia um crime não ter assistido Bope, assim como Capitão encarnava o herói que as pessoas querem ter. Wagner se apropriou do personagem, encarnando e lhe dando forma, em troca foi colocado em um palco permanente da cultura brasileira.

Filmografia

1998 - Pop Killer (curta)
1999 -Rádio Gogó(curta) – Replay
2000 -Woman on Top – Rafi
2001 -Abril Despedaçado- Matheus
2002 -As Três Marias- Jesuíno Cruz (Cavalo do Cão)
2003 -O Caminho das Nuvens- Romão
2003 -O Homem do ano - Suel
2003 -Carandiru - Zico
2003 -Deus É Brasileiro- Taoca
2004 -Nina- Cego
2005 -A Máquina- Apresentador de TV
2005 -Cidade Baixa- Naldinho
2005 -Desejo(curta) - Atanásio José
2007 -Tropa de Elite- Capitão Roberto Nascimento
2007 -Ópera do Mallandro(curta) – Professor
2007 -Saneamento Básico, o Filme- Joaquim
2007 -Ó Paí, Ó- Boca
2008 -Blackout- Marcelo
2008 -Romance- Pedro
2009 -Mataram Irmã Dorothy (documentário) - Narrador
2010 -Tropa de Elite 2: O Inimigo agora É Outro Tenente-Coronel Roberto Nascimento
2010 -Vips- Marcelo Nascimento
2011 -O Homem do Futuro- Cientista - Zero (papel principal)  

Crítica I Educação



 Ela é norueguesa, é amiguinha do Lars von Trier e ela sabe como fazer “drama”, Lone Scherfig dirige Carey Mulligan em “Educação”, filme de produção norte americana e inglesa de 2009.



No filme que lança Carey Mulligan, ela interpreta uma garota de 16 anos, estudante de um colégio católico, que vive com os pais e com as expectativas deles. Em 1961, eles esperam que ela torne-se uma mulher independente através da educação superior, e a fazem, entre outras coisas, decorar lições de latim, tudo para ela conseguir uma vaga na Universidade de Oxford, entre uma lição e outra, a garota espera a vida adulta ter inicio e poder cuidar do seu próprio nariz.


Nesse meio tempo, Jenny (Carey Mulligan – Wall Street: O dinheiro nunca dorme) conhece um homem, mais velho que ela que vive numa vida “burguesa e invejável”, na qual estudos formais são dispensáveis. Vida social agitada, festas, bebedeiras e amigos instantâneos, essa era a vida pela qual Jenny apaixonou-se e a qual seus pais desaprovariam, mas assim como David (Peter Sarsgaard – Homem Aranha 2) seduziu Jenny, encantou também Jack(Alfred Molina), o pai dela.



Essa película de uma hora e trinta e cindo minutos de duração é um bom drama, não é perfeito, mas não é ruim, esse filme é literalmente feito das memórias de uma garota. É baseado no livro autobibliográfico da jornalista Lynn Barber, são memórias sinceras, palpáveis e puras.


Jenny fica injuriada com a vida quadrada e sistemática que seus pais planejaram, ela revela-se, discute com a professora e com a diretora de seu colégio, viaja para Paris sem se preocupar com nada além da sua própria diversão, David mostra a bela mulher que há dentro dessa garota e Lone mostra que atriz incrível que existe dentro de Carey, atriz que se desenvolve cada vez mais em todo filme.


A trilha sonora é bem situada nos anos 60, na era pré-Beatles e pré-Rolling Stones, o Reino Unido era invadido por músicas americanas, mas essa não é o perfil da protagonista, ela é uma garota romântica, que procura na música o seu próprio sentimento, por isso a presença da música francesa da época e a música clássica.



Assim como a trilha sonora, a caracterização é incrível, figurino, maquiagem, penteados e os cenários são realísticos e não são exagerados. Assim como a maneira que Jenny “foge” dos padrões paternais, ela não é radical ao ponto de queimar sutiãs, mas ela impõe-se.


Logo ela descobre que as pessoas perfeitas e incríveis amigas de David, assim como ele próprio, não são pessoas tão boas afinal. Conclui que a vida é feita de etapas, e que ultrapassá-las resulta mais em dor de cabeça do que em facilidade, justificando com uma própria citação do filme: ”a vida não é feita de atalhos”.


A película recebeu três indicações ao Oscar 2010, e deu o Bafta de Melhor Atriz por Carey Mulligan e Melhor Filme Segundo a escolha do público no Festival Internacional de Sundance em 2009. Esse é um filme bom, que retrata a juventude pressionada dos anos 60 que iria logo explodir, desvencilhar-se dos padrões de seus pais e criar suas próprias regras, mas o que ela questiona mesmo é o peso da educação forma comparada com o aprendizado da vida. E para você, o que educa melhor? O erro dos outros ou o seu próprio?

13 de maio de 2012

Moviola Incandescente | Elipse

Olha aí! Mais uma edição do Moviola Incandescente! Agora todo domingo o Moviola fará um vídeo sobre cinema para vocês, os bilheteiros!


Hoje, vamos falar um pouco mais sobre alguns conceitos narrativos. No entanto, a ênfase dada aqui é dada ao que é chamado de Elipse. No entanto, também dou uma passeada no conceito de Montagem Construtiva e uma abordagem bem superficial na vida de Sergei Einsenstein (1898/1948). No futuro, gostaria de dedicar um vídeo inteiro em sua memória, já que mesmo que eu fizesse uma série inteira aqui falando sobre o cineasta e suas obras, não haveria como exprimir o que ele representa para a história da sétima arte.
Através da Montagem Construtiva (que vem do período em que foi denominado Construtivismo Russo), através de cineastas como Einsenstein, Dziga Vertov e Pudovkin, temos exemplos como “A Mãe” e “O Encouraçado Potenkim” que apresentam imagens construtivas. O exemplo citado no vídeo é a forma em que construindo vários takes podemos formar uma ideia (olho + água = choro).

Assim, surge a Elipse – um efeito narrativo que dá um “jump” temporal, em um corte, dentre uma cena e outra. O que acaba tendo efeitos invisíveis ao nosso enxergar, no entanto, acaba sendo primordial na construção de uma história. Trago, no vídeo, um exemplo mais “simples” (se é que podemos usar a palavra “simples” em algum filme de Stanley Kubrick”) que é em “O Iluminado”, de 1980, em uma transição de uma cena em um carro para já dentro do local onde a pessoa se dirige. No entanto, seria impossível falar de elipse e não citar o exemplo que se traduz na maior elipse espaço-temporal da história do cinema: a cena do osso que se transforma no satélite, um salto de milhões de anos, no filme “2001 – Uma Odisséia No Espaço”, também de Stanley Kubrick.

Teremos mais vídeos falando sobre as várias formas de takes, mas, também cito rapidamente e explico o conceito de Establishing Shot, que seria uma cena que situa o espectador do local onde vai ocorrer uma ação. O exemplo, então, é ainda n’O Iluminado, com um super-take do hotel onde se passa a maioria do filme.

Mantenham o sentimento!


Adaptação | Precisamos Falar Sobre o Kevin


“It’s my fault” (É a minha culpa), grita Eva Katchadourian quando uma mulher, no meio da rua, bate em sua cara e um homem fala que chamará a polícia. A mãe que a bateu era vítima do filho de Eva, ou melhor, a filha desta mulher foi assassinada por Kevin, um psicopata que cresceu em seu ventre.

“Precisamos Falar Sobre o Kevin” é um filme baseado no livro, de mesmo nome, da escritora Lionel Schriver. Ela estudou vários casos de assassinato em massa dentro de colégios e universidades norte-americanas e decidiu escrever uma ficção com uma perspectiva diferente: a visão da mãe do assassino. Eva é uma mulher de 40 anos, que reexamina a sua trajetória em busca dos motivos que podem ter transformado seu filho, Kevin, num assassino. Em longas e detalhadas cartas ao pai do menino, ela analisa o próprio casamento, o impacto da maternidade sobre sua vida e momentos significativos da infância de Kevin. Seu relato é escandalosamente sincero, pontuado por confissões como a de um dia ter parado no meio da rua, diante das britadeiras de uma construção, e fechado os olhos de prazer ao notar que as máquinas encobriam o som do choro incessante de seu bebê, recém-nascido.

A cor vermelha é presença constante no filme. Desde o primeiro minuto, quando Eva está tomando um “banho de sangue” na "Tomatina" até na união das células na formação do feto. Pode parecer exagero, no entanto esta cor elucida os sentimentos da mãe. No começo, poderia parecer raiva ou até ódio, já na cena em que ela foge de uma das mães, que sofreu a carnificina que Kevin provocou, o que se consta é medo. A limpeza da casa – o fim da tinta vermelha e início da pintura azul – também é um modo do diretor mostrar como Eva está tentando se livrar da culpa de ter criado um psicopata.

Em nenhum momento ela quis a criança. Até no parto ela resistia e nos momentos que a criança grita, ela também quer gritar. Quando Eva vai ao médico para ver se o filho tem algum problema mental ou físico, a espera é que ele tenha algo que justifique o seu comportamento. Para ela seria um alívio saber que o modelo de criação foi correto. Seria um consolo ter o diagnóstico que Kevin, simplesmente, nasceu assim.

O uso de flashbacks durante todo o filme consegue alinhar, perfeitamente, memórias da vida em família com a situação atual de Eva. Um exemplo é quando ela tira as cascas de ovo da boca e ao mesmo tempo passa as lembranças das pessoas que o filho assassinou. Este jogo de cenas mostra, mais uma vez, a tentativa de Eva se libertar da culpa e juntar os pedaços de sua vida.

“Precisamos Falar Sobre o Kevin” não é um drama comum. Ele chama os espectadores para refletir sobre as mães dos Kevins da vida real. Tilda Swinton consegue chamar a atenção para isto de uma forma que não retrate Eva como um monstro e sim como uma pessoa que sofreu uma tragédia e não sabe como reagir. O incrível John C. Reilly prova ser a escolha perfeita para viver o permissivo pai de Kevin. Um exemplo é quando, após Eva tratar Kevin grosseiramente, o filho passa a ter mais respeito pela mãe. Diferente do carinho exagerado do pai, o qual achava que Eva não sabia dar o devido afeto ao filho. Ezra Muller (que encarna o Kevin adolescente) compensa os excessos do roteiro adaptado com uma atuação contida, como pede o tom do livro de Schriver.

A fala de Kevin na penitenciária provoca uma discussão sobre o modo de educar os filhos, “Você sabe como treinar gatos? Enfiam o nariz dele na própria merda, eles não gostam, assim acabam usando a caixa”. Será que esta é a maneira correta? Pode ser, porém o que é estabelecido no filme é o debate deste assunto tão velado e pouco discutido da forma como Schriver soube elucidar.

Lista | Guy Ritchie



Guy Ritchie
Famoso por namorar a cantora Madonna, Guy Ritchie um expoente do cinema Britânico. Nos compete aqui no Blog listar os 5 melhores filmes de sua carreira, claro o número de produções acumuladas por Ritchie e baixo em relação a outros diretores, mas a qualidade da produção tem o seu destaque. Diferente de Tarantino que conseguiu notoriedade no inicio dos anos 90. Guy Ritchie começou a ganhar destaque a partir do filme "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" em 1998 que lhe rendeu o BAFTA e um prêmio no Festival de Tóquio. Tomo a liberdade de ver esse estilo de Ritchie como um novo estilo "Noir" para o cinema. 


1- Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes

Primeiro filme de Ritchie e ganha nosso voto por transmitir essa manifestação londrina do subúrbio. O filme conta a história de  Eddy, famoso por sua habilidade nas cartas desde criança, e seus três amigos, Soap , Tom e Bacon, que resolvem colocar cada um a quantia de 25 mil libras para que Eddy possa participar de uma partida de cartas ilegal. Só que Eddy, além de não se sair bem na partida, a termina devendo 500 mil libras para Harry. Caso não pague a quantia em uma semana, ele perderá os dedos da mão, um a um. Além de ser um clássico que deu destaque ao diretor e um filme que vale apena para quem gosta da mistura dos gêneros comédia e ação.



2- Snatch - Porcos e Diamantes

Nesse segundo filme de Ritchie um outro policial comédia, as ruas de Londres tomam um tom sarcástico ao mesmo tempo com aquela sutileza dos britânicos a história de Frankie um  ladrão de diamantes que também faz o trabalho de intermediário de peças roubadas. De passagem por Londres, ele precisa chegar até Nova York para vender alguns diamantes de seu chefe. Enquanto isso Turkish um negociador de lutas de boxe clandestino tem problemas com Tijolo um gangster da cidade que também tem interesse nos diamantes.


3- Revólver

O terceiro filme em companhia com Jason Statham, quinto filme de Ritchie e entrou nessa lista pela novo conteúdo que se apresenta. Com um tom mais psicológico sobre os personagens o filme a principal parece confuso mais ganha o espectador pela trama. Depois de passar sete anos na solitária, Jake Green deixa a prisão. Nos dois anos seguintes ele consegue acumular muito dinheiro graças ao jogo. Seu objetivo é se vingar de Dorothy Macha (Ray Liotta), um dono de cassino que foi o responsável por sua prisão.




4- Rock'n Rolla

Um filme que mostra a apropriação da indústria cinematográfica com o estilo de Ritchie, pois o orçamento do filme está  bem mais alto que seus primeiros lançamentos. Na trama um bilionário russo que está realizando uma alta transação com Lenny Cole, um gângster à moda antiga que sabe bem como cuidar dos negócios. Para festejar o acordo feito, Uri empresta a Lenny seu quadro favorito. Só que o quadro desaparece do escritório de Lenny, o que inicia uma grande busca por seu paradeiro.




5 - Sherlock Holmes 2 - O jogo das sombras

Nesse filme contrasta muito bem a técnica de filmografia de Ritchie. No entanto vou esclarecer que não sou um fã da literatura Britânica, por isso não posso dizer com convicção que o filme é fidedigno com o livro de Arthur Conan Doyle. Nesse filme (para quem já assistiu o primeiro) Sherlock Holmes continua desenvolvendo novos disfarces e maneiras de ludibriar seus oponentes, enquanto seu fiel escudeiro John Watson está prestes a se casar e sair numa lua de mel. No entanto Holmes tem que planejar como deter o ardiloso Professor Moriarty (Jarred Harris), que estaria por trás de uma série de assassinatos e com a intenção de desestabilizar a paz mundial.



12 de maio de 2012

Moviola Incandescente | Juno

Era o que faltava n'A Bilheteria! O estudante de Cinema na PUC/RJ, Marco Hartmann, fará um vlog sobre  oque realmente é cinema e quais são as técnicas usadas pelos diretores para que os espectadores amem ou odeiem um filme!

Vamos deixar o próprio Marco apresentar esta nova editoria d'A Bilheteria!

O canal do Youtube será, e nunca deixará de sê-lo, o veículo principal desta jornada. O que será escrito aqui no blog, quando não uma aventura particular minha, tratar-se-á de um explicativo mais aprofundado (ou, apenas, traduzido em letras para os que preferirem) do que foi abordado no vídeo. E, aqui, começo já com o primeiro de entrada.

O vídeo trata de uma explicação detalhada sobre uma cena do filme “Juno” (2007, Jason Reitman). A “decupagem” desta cena tem como objetivo traduzir a funcionalidade de alguns elementos narrativos e de como eles contribuem para que uma idéia seja formada dentro do filme. Deixo claro que a formação de um sentimento (como alegria, tristeza, medo) independe de um mero gesto, ou de algo feito jogado no ar. Porém, trata-se de um estudo prévio sobre os teóricos de cinema, afim de entender mais detalhes sobre edição, fotografia, roteiro e direção.

O exemplo que eu mais tenha dado ênfase neste vídeo, é a posição dos atores dentro de um quadro e de isto implica para o sucesso da fluência da cena. Uso o exemplo fictício de um diálogo em que ambos os atores estariam no mesmo lado do quadro, no momento da transição da cena, e de como isso daria um estranhamento aos olhos do espectador e de como isso seria danosamente fatal ao olhar artístico de um filme.


Outro exemplo que me estendi (e que achei que valia a pena o fazer) seria o fato das diferenças de cores na troca de cena entre o diálogo das personagens. Nos dois quadros, vemos no caso de Juno (Ellen Page) cores muito quentes, fortes, representando a personalidade da atriz – uma menina hardcore, mas, que agora pode não estar no melhor dos seus momentos – denotando a plena aflição da personagem. Um ponto interessante no quarto de Juno é o teto, que aparece quase como um protagonista da cena, estando ali para mostrar, e denotar com força, a idéia de sufoco em que a atriz está mergulhada.

Já no quarto da personagem Leah (Olivia Thirbil), já não vemos a presença do teto. O quarto está claro, a personagem usa cores mais suaves e se apresenta no quarto em poses mais tranquilas, deitada na cama, com o ar despojado – seu quarto, aponta algumas características que a aproximam da idade de Juno (como os adesivos pendurados na parede) – mas, em momento algum, notamos a violência das cores como está presente no quarto da outra.
Pronto! É disso que se trata o projeto. Vamos falar de filmes! Vamos discutir cinema! Narrativa, história, forma e conteúdo. A idéia é, antes de ensinar, aprender.


Vamos afinar o sentimento!